“Uma geração contará à outra a grandiosidade dos teus feitos; eles anunciarão os teus atos poderosos. Proclamarão o glorioso esplendor da tua majestade e meditarei nas maravilhas que fazes. Anunciarão o poder dos teus feitos temíveis, e eu falarei das tuas grandes obras.” (Salmos 145:4-6)

Salmos 145 nos ensina sobre responsabilidade geracional. A geração anterior tem responsabilidade de contar à próxima sobre quem o Senhor É e as coisas que Ele fez e faz. É o testemunho de quem já viveu que inspira os mais novos a viverem uma jornada de entrega e coragem com o Senhor. Foi assim com os antigos na Bíblia, e continua sendo, a cada geração, mostrando que Deus é o mesmo ontem, hoje e será amanhã. Temos uma responsabilidade com a história que vivemos e quanto dela contamos às próximas gerações. Os erros, acertos, desafios, problemas e soluções… Tenho a impressão de que temos tido dificuldades nesse compartilhar, até mesmo quando se é para celebrar. Um pastor amigo sempre me diz que celebramos menos do que deveríamos os frutos que o Senhor nos dá. Um dos entraves pode ter a ver com a forma como essa comunicação acontece. Talvez as gerações tenham perdido a forma de se comunicar com a próxima, assim como as gerações mais novas parecem não ter aprendido a se comunicar com a geração anterior. O mundo está mudando muito rápido e cada vez fica mais desafiador acompanhar tais mudanças. Enquanto temos uma geração ainda tentando se adaptar aos smartphones e todas as atualizações, outra já nasce sabendo mexer sem que ninguém precise ensinar. Me parece que temos deixado que as diferenças entre as gerações estabeleçam um muro entre elas. No entanto, entre questões e diferenças, acredito que há um elo que pode gerar as conexões que precisamos, algo que construa, de fato, uma ponte entre as gerações: o discipulado a partir de Cristo. Quando crentes comprometidos em desenvolver o caráter de Jesus se relacionam intencionalmente buscando se ajudar na caminhada cristã, estão vivendo o discipulado. Neste tipo de relacionamento há acolhimento, intencionalidade, comprometimento, e foco em Jesus. Em Mateus 28 Jesus nos ordena a fazermos discípulos enquanto vamos pelo caminho, mas sempre olhando pra Jesus. Se Jesus é o centro da vida do discípulo, e é Ele a direção da caminhada, e é sobre Ele que uma geração deve contar a outra, o discipulado é essa ferramenta, não só para aprimoramento da vida do cristão, fomentando relacionamentos intencionais devidamente ajustados em Cristo, mas também para criar elo entre as gerações.

Se associarmos isso ao que Salmos nos trás sobre as gerações, podemos ver no discipulado a resposta para relacionamentos intencionais e de qualidade entre as gerações, em que uma acolhe a outra, e se dispõe a conhecer a vida do outro, sua história e compartilhar suas dores e vitórias e, principalmente, suas vivências com o Senhor. Um relacionamento intencional entre discípulos de Cristo que pertencem a diferentes gerações possibilita que uma geração esteja disposta a aprender com a outra. Não há espaços para disputa, cada uma tem seu lugar e sua história. Como discípulos e discípulas de Cristo, precisamos não perder de vista a importância e necessidade de, não apenas vivermos a nossa vida à semelhança do Mestre, como também reproduzir a vida dele em outras vidas. Quando as gerações se juntam para compartilhar a jornada cristã, dispondo a viver o aperfeiçoamento do caráter Cristo em si, estão cumprindo uma ordenança e derrubando os muros eventualmente construídos pelas suas diferenças. Como denominação, viver uma vida de discípulos com integridade, conciliando as gerações, assumindo a responsabilidade que cada geração tem com a outra, é fundamental para vislumbrarmos um futuro de harmonia e retidão em fidelidade à Palavra de Deus. Todos nós, homens e mulheres, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, absolutamente todos nós somos convocados a viver uma vida discipular, de aperfeiçoamento em Jesus, que não se restringe apenas a nós. A vida cristã é coletiva, no corpo de Cristo somos muitos e temos responsabilidade com cada um, porque somos unidos através do sangue daquele em quem todas as coisas foram criadas. Em João 13 vemos Jesus como nosso Mestre e Senhor. Se temos um Mestre e nosso caráter precisa ser moldado diariamente, cabe a nós estar com os corações abertos e ensináveis, porque a vida do cristão é um eterno aprendizado sobre Ele. É tempo de viver o que o Senhor quer de nós. É tempo de viver intensamente uma vida de discipulado com responsabilidade geracional.

Jéssica Martins