Os pioneiros

Antes mesmo da fundação da Convenção Batista Brasileira (CBB), já havia entre os Batistas uma preocupação com os jovens. A iniciativa pioneira veio de, dois dos primeiros missionários no Brasil, Zachary Clay

Taylor e Salomão Luiz Ginsburg. A proposta era uma adaptação do trabalho que já existia nos Estados Unidos. Os dois missionários pioneiros foram também fundadores da Convenção Batista Brasileira. Junto com a fundação da Convenção, em 1907, foram criadas várias Juntas e Comissões. Um dos órgãos criados foi a Junta da União de Mocidade Batista1, da qual Taylor e Ginsburg faziam parte. Na Junta, Ginsburg era o secretário correspondente e tesoureiro. Com ele compunha a coordenadoria da Junta da União de Mocidade Batista outros seis membros: 03 (três) missionários americanos e 03 (três) brasileiros2:  americanos – Zachary Taylor, Robert Pettigrew, Ernesto Jackson e Salomão Luiz Ginsburg; e brasileiros – Henrique Gonçalves, Manuel Inácio Sampaio e João de Matos.

O esforço de Ginsburg, era convencer as igrejas da iniciativa de se criar uma União de Mocidade local, e que não seria a criação de um mero Clube de Jovens. Ginsburg realizava múltiplas tarefas, ficou na Junta da União de Mocidade Batista alguns poucos anos, sendo substituido pelo missionário Loren M. Reno, que se tornou o novo executivo da Junta de Mocidade . Reno levou a Assembleia Geral da Convenção a aprovar a criação de uma Assembleia Anual da Mocidade Batista Brasileira , a ser realizada sempre um dia antes e no mesmo lugar onde seria realizada a Assembleia Geral da CBB3.

É na gestão de Loren Reno, a partir de novembro de 1919, os Jovens Batistas passaram a contar com a Revista Mocidade Batista4. Ele mesmo a preparava e a Casa Publicadora do Rio  imprimia. Além da Revista, surgiu também um livro chamado “Estudos sobre Evangelismo” que era usado nas Uniões de Mocidades das igrejas locais. Loren Reno era educador e diretor do Colégio Batista Americano de Vitória. Tinha uma preocupação muito grande em criar meios de treinar os líderes de jovens em suas atividades.

A Junta de Escolas Dominicais e de Mocidade

Apesar do empenho desses primeiros líderes, não foi fácil convencer aos demais da necessidade de um trabalho pastoral com os jovens. Os investimentos financeiros e humanos não foram adequados ao tamanho da tarefa. Em 1922, ocorreu a junção da Junta de Mocidade com a Junta de Publicação e a de Escolas Dominicais, criando assim a Junta de Escolas Dominicais e de Mocidade (JEDM)5.

A fusão teve seus aspectos favoráveis para as novas Juventudes Batistas . A Casa Publicadora garantia a impressão periódica das revistas. Foi possível, também, investir nos estudos que oferecidos nas lições. Para auxiliar os líderes de jovens das igrejas com suas Uniões, foi traduzido do inglês um “Manual da União da Mocidade Batista6’.

A primeira Assembleia Geral da Mocidade Batista Brasileira  mostrava que as Juventudes queriam ter sua autonomia naquilo que lhes diziam respeito e nos assuntos institucionais (na Convenção) ligados a eles. Como previsto, a Assembleia durou apenas um dia, mas já mobilizou jovens de todo o Brasil. Já na segunda Assembleia  Geral da Mocidade realizada em 1939, surgiu o Órgão Oficial de Comunicação – “O Jovem Batista”7.

Os jovens começaram a ganhar seu espaço a partir de 1940. As atividades especiais para os jovens dentro da Junta de Escolas Dominicais e de Mocidade(JEDM) foram desenvolvidas pelo pastor Walter  Kaschel. Em 1942 Jurandir Cunha e José dos Reis Pereira passaram a integrar a  JEDM, na condição de representantes das Juventudes em assuntos ligados ao trabalho jovem. A influência dos jovens nas atividades que lhes cabiam, crescia de modo que, em 1945, Ernesto Soren, na época,  presidente da Assembleia da Mocidade, acompanhado de outros jovens, propuseram à Convenção a volta da antiga Junta de Mocidade, mas a Assembleia reunida entendeu que ainda não era o momento8.

Em 1946 a Convenção criou o Conselho Nacional de Mocidade Batista dentro da JEDM, que, dentre outras atribuições, cuidaria das estratégias das Uniões de Treinamentos de Jovens e Adolescentes. Posteriormente, no âmbito da JEDM foram criadas outras Uniões de Treinamento tais como: pré-adolescentes (chamados de juniores); e adultos.

Em 1949 foi realizado no Colégio Batista do Rio de Janeiro o primeiro Congresso da Mocidade Batista Brasileira. Inspirados nos acontecimentos pós Segunda Guerra Mundial. O tema do Congresso foi “Com a Bíblia, um mundo novo”. Apesar das dificuldades de mobilizar jovens para o Congresso e do financiamento9, a noite de abertura do Congresso contou 324 inscritos10.

Nos anos 1950 foi novamente lançada a ideia de uma Junta de Mocidade independente da JEDM, mas a comissão nomeada no ano de 1956 pela CBB, na Assembleia de 1957 deu parecer contrário. A proposta alternativa, aprovada depois de muita discussão, foi, na prática, uma intervenção na Junta de Escolas Dominicais e de Mocidade que tinha sido contrária a ideia. A Convenção votou que a Junta passasse a ter 21 (vinte e um) membros, 05 (cinco) deles seriam representantes da Mocidade. A tarefa deles seria preparar um Projeto de Estruturação da Junta de Mocidade para ser apresentado na Assembleia Geral da CBB em 1958 que foi realizada na Igreja Batista dos Mares – Salvador – BA.

 O Acordo de Mares

Antes de a Convenção se reunir em Salvador, de todos os assuntos em pauta, o único que realmente renderia discussão acalorada, seria a proposta da criação da Junta de Mocidade. A comissão eleita em 1957 apresentou seu relatório favorável à criação da Junta de Mocidade. Após a leitura, se seguiu uma discussão. No meio do debate, o presidente da CBB, pastor Rubens Lopes se ausentou da mesa e foi ao plenário fazer uma proposta substitutiva. A proposta era que, em lugar da aprovação do parecer, fosse aceita a proposta de reestruturação da Junta de Escolas Bíblicas. Foi criada então uma comissão de 10(dez) pessoas, sendo 05 (cinco) favoráveis a criação, e 05 (cinco) contrários11, para avaliar: o parecer apresentado; a proposta de reestruturação ou chegar a uma solução conciliatória. A solução aprovada, ficou conhecida como “Acordo de Mares”. A solução foi um caminho do meio, entre o que era, e o que se desejava, mas a criação da Junta de Mocidade só foi decidida dois anos após a Assembleia de Mares.

 A Junta de Mocidade — JUMOC

Apenas em 1968, na 50.ª Assembleia da CBB, realizada em Fortaleza — CE,  depois de muita discussão e resistência, foi criada a Junta de Mocidade (JUMOC), resultante de uma votação que teve 170 (cento e setenta) votos a favor, e 34 (trinta e quatro) contra12. A Junta recém formada teve o pastor Irland Pereira de Azevedo como seu primeiro presidente e executivo. Em dezembro de 1968, foi eleito como executivo José Agostinho Almada de Abreu, que era apenas bacharel em Teologia e teve sua ordenação ao ministério pastoral solicitada pela própria Junta. Durante essa gestão foi criado a OPES (Operação Evangelização de Estudantes) e a OPUS (Operação Universidade), esta tinha um objetivo triplo: incentivar o testemunho cristão dos universitários Batistas, equipá-los com material de caráter apologético e ajudar no entendimento de como associar suas vocações com a fé cristã13.

Em 1975, pastor José Agostinho se desligou do cargo de executivo e foi eleito em seu lugar o pastor Isanias Batista dos Santos. Prosseguindo o plano de Evangelização nas Universidades, foi lançada a Revista Campus.

Em 1979 a Junta elegeu seu terceiro executivo, o professor Sillas Santos Vieira. Nessa gestão, a Revista Mocidade Batista, teve seu nome mudado para ‘‘Juventude”. A Revista naquele momento tinha como seu editor  o pastor Israel Bello de Azevedo que ganhou nova feição e visual.

Após a saída do pastor Sillas Vieira, assumiu a Diretoria Executiva – pastor Josué Campanhã, que liderou a JUMOC de janeiro de 1987 a março de 1996. Após sua saída, houve um intervalo de 03 (três) anos até que fosse escolhido um novo executivo.

Em 1999, assumiu a Diretoria Executiva – pastor Sérgio Dusilek, que começou um trabalho de reorganização da Junta, mantendo as atividades funcionando sem interromper os eventos realizados, sobretudo o Congresso Despertar, cada vez mais concorrido. Pastor Sérgio Dusilek ficou no cargo até fevereiro de 2004.

Ainda em 2004, assumiu a Diretoria Executiva – pastor Fabiano Pereira que atuou de julho de 2004 a agosto de 2008. Pastor Fabiano saiu e o pastor Sérgio Pimentel presidente na época, passou a exercer a função de executivo até que, a Secretária Executiva da Juventude Batista do estado do Rio de Janeiro, Gilciane Abreu é escolhida para assumir as funções executivas da JUMOC em 2009.

A Juventude Batista Brasileira – JBB

A partir de 2009, muitas mudanças aconteceram na Juventude Batista. Uma delas foi a atualização da nomenclatura da própria Junta de Mocidade que remontava à época da criação da JUMOC. Mocidade já era um nome em desuso para se referir aos jovens. A maior parte das igrejas já usava Juventude Batista. Assim, a JUMOC passou a ser conhecida como Juventude Batista Brasileira (JBB).

A JBB fez um levantamento de tudo, no intuito de dar continuidade ao que já existia, porém precisava se avaliar o que ainda funcionava ou funcionou em algum tempo, tarefa difícil. Foi preciso adaptar, aperfeiçoar, eliminar o que não funcionava, e/ou não atendia mais às expectativas. Novas estratégias foram criadas com objetivo de mobilizar juventudes e lideranças.

Em respeito ao princípio da autonomia da Igreja local, a JBB não normatizou, nem impôs seus métodos e programas às juventudes locais. Em vez disso, trabalhou com propostas que poderiam ou não ser acolhidas.

As parcerias e os canais de diálogo abertos possibilibilitaram a JBB atuar junto às juventudes de modo mais efetivo e funcional, uma vez que quem opina, conhece e vive o universo do cuidado pastoral das juventudes no dia a dia. As múltiplas áreas de atuação mostraram a preocupação da JBB em atender a complexidade da ação pastoral com Juventude no Brasil.

Desde o fim de 2017, após 8 anos abençoados sob a liderança de Gilciane Abreu, a Juventude Batista Brasileira conta com um novo coordenador nacional, Amnom de Souza, ex-presidente da Juventude Batista Meritiense e da Juventude Batista do Estado do Rio de Janeiro, que tem agora o desafio de dar continuidade e expandir o trabalho realizado com os jovens Batistas do Brasil.

 

 

Referências Bibliográficas:

  • Cf: CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA: Actas e relatórios da Convenção Batista Brasileira, p. 27.
  • União de Mocidade Batista.
  • Cf: MANUAL DA UNIJOVEM: Uma nova filosofia de ministério, pp. 23-24.
  • Cf: PEREIRA, J. R., História dos Batistas no Brasil., p. 280.
  • Segundo os ANAIS DO 1º CONGRESSO DA MOCIDADE BATISTA, a solução encontrada para financiar a divulgação do congresso foi a venda de cédulas alusivas ao evento que teve ampla aceitação entre os jovens do Brasil. Cf.: ANAIS DO 1º CONGRESSO DA MOCIDADE BATISTA, Com a Bíblia um Mundo Novo, p. 18.
  • Cf: ANAIS DO 1º CONGRESSO DA MOCIDADE BATISTA. Com a Bíblia um Mundo Novo, p. 18.
  • Cf: O JORNAL BATISTA, de 20 de fevereiro de 1958, p. 1.
  • Cf: O JORNAL BATISTA, de 11 de fevereiro de 1968, pp. 4-5.
  • Cf: PEREIRA, J. R., História dos Batistas no Brasil, p. 283.